O caso Relvas tem feito correr muita tinta.
As secretas portuguesas têm sido tudo menos aquilo que o seu nome indica. O rol de casos é longo, desde a identificação de agentes no ativo a circular nos corredores do Parlamento, ao aviso numa entrevista à imprensa do ex-ministro Santos Silva de ia ser enviado um agente 'secreto' para o Libano… muitos têm sido os casos. Quando há notícias sobre as secretas algo está mal.
Olhando para o foi o socratismo, em que poucas barreiras da decência democrática não foram pisadas (assim de repente não me lembro de nenhuma que tenha escapado) começa a ser com alguma indiferença que encaramos cada caso que possa surgir de promiscuidade entre políticos, jornalistas, juízes, aventais, banqueiros, espiões, gente do futebol, sucateiros, etc.
No tempo do governo anterior uma bomba mediática nunca chegava a fazer estragos pois havia sempre um anuncio de mais uma medida fantástica, mais uma inauguração de um troço da auto-estrada sem portagens rumo a um futuro risonho, e só não embarcava na viagem quem era pessimista. Demorou algum tempo mas o combustível de tanta fartura, a dívida do país ao estrangeiro, acabou-se e o vendedor das ilusões demitiu-se.
Depois dele chegou uma nova atitude e um novo discurso. Temos de trabalhar mais e melhor, temos de ajustar o nível de vida à capacidade da nossa economia, o Estado deve ser menor e melhor.
Apesar da impopularidade das inúmeras medidas tomadas, as sondagens apontam para um apoio maioritário do eleitorado à actual coligação, o que é surpreendente.
É neste cenário que rebenta caso Relvas. A vontade do jornal Público em cavalgar este furo, contrasta com a sua indiferença de outros casos, e até há quem fale que estamos perante um ajuste de contas entre o grupo Sonae.com e o governo. Apesar disso este caso merece uma atitude por parte de Passos Coelho. O atual Primeiro Ministro poderá transformar a ameaça à estabilidade que pode vir a ser a demissão do seu braço direito, numa oportunidade de mostrar ao país que o tempo dos abusos de poder e das ingerências antidemocráticas acabou nas últimas eleições. Relvas deve sair.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera