Ola Nuno,
Será a dignidade humana algo tão importante que devemos toda a vida fazer por a merecer, ou é-nos intrínseca sejam quais forem os nossos actos? Não estou a fazer qualquer afirmação, mas apenas a assumir uma dúvida.
Acredito que no caso da extradição dos europeus de etnia cigana de França para a Roménia, a lei estará a ser cumprida.
Desconheço a obra de Tony Hillerman, mas sobre os Navajos posso afirmar que têm um território fantástico. Merece a visita.
Abraço
Olá Paulo Sousa,
A sua pergunta dava para uma dissertação de filosofia.
A dignidade humana não nos é intrínsica . A humanidade sim !
Acho que a compreensão de que somos humanos nos leva fatalmente para questionamentos que desaguam na problemática da dignidade humana.
O autor do Pavilhão dos Cancerosos, escreveu um relato que retrata um dia ou 24 horas de um prisioneiro no Goulag ( não conheço o título em Português ). Resistiu porque nunca comeu com as mãos ou lapou... Primo Lévi em " e se fosse um homem" apresenta uma passagem igual num campo da morte nazi. E sem dúvida Robert Merle, em "La mort est mon métier" ainda exprime melhor o sentimento que a dado momento da sua vida qualquer ser humano, porque tem consciência da sua conciência, expressa o medo da morte de outrem e logo o medo da sua própria morte.
Não sei o que são leis que separam pais, mães e crianças.
Abraço,
Nuno
Olá,
Desculpe a resposta tão tardia. Mas "la rentrée" tem-me roubado muito tempo.
No excelente tele-filme Francês, "Souza Mendes" , a dado momento o consul vira-se para o seu secretario e pergunta-lhe : "Tem a certeza que quer partilhar esta aventura comigo ? Sabe que vou contra a lei e as ordens ( de Salazar ) ! "
O secretário responde-lhe : " Excelência, pela primeira vez na minha vida tenho orgulho em ser Português ! "
Nuno
Acho que Sousa Mendes é um herói ainda pouco conhecido pelos portugueses, mas comparar o holocausto ao caso dos ciganos em França (pelo que sei aceitaram dinheiro para não regressar a França, dizendo aos media que regressariam a breve prazo) é desconhecer o que foi o holocausto. Pelo que já li do Nuno sei que sabe o que foi o holocausto e por isso, permita-me a franqueza de lhe dizer que a comparação não é adequada.
Olá !
Concordo consigo. A comparação não é adequada nem possível quanto ao Holocausto.
Não foi o meu intento.
Mas há que estar atento e, para isso, a memória deve permanecer. Tal como faltam ruas, em Portugal, com o nome Souza Mendes.
Os "roms" não foram enviados para campos da morte.
Nem a Bulgária nem a Roménia são, hoje em dia, os campos da morte.
Chocou-me isso sim a forma : Porquê separar as mães e os pais dos filhos ? Porquê estigmatizar uma comunidade publicamente ?
Qual o interesse político futuro ?
Uma coisa é certa : A denúncia desta forma de procedimento é, primeiramente, um acto de políticos de direita ( Gaulistas ). A esquerda tomará o comboio em andamento. Se é que os Gaulistas são de direita . Se calhar são pré-históricos !
Abraço,
Nuno
Não sei responder às suas questões, que não serão mais que uma reflexão sobre o que poderá ter sido uma manobra política que não atingiu os fins previstos, mas todos os países soberanos têm a legitimidade de definir a sua política de recepção de estrangeiros. A Europa precisa de estrangeiros também para corrigir a sua reduzida natalidade, mas isso não é o mesmo que deixar que regras definidas para promover bem estar geral sejam pervertidas e utilizadas para usufruto individual.
Já aqui falamos da dignidade humana e estou em crer que esta só existirá para quem faz por merecer um tratamento digno e não para os que se recusam em entrarem no sistema. Posso estar enganado, mas isto é o que penso.
Um abraço
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