Vi no passado fim de semana o filme 'Os Mistérios de Lisboa'. Já algum tempo que não via cinema português em écran grande e este filme, pelo autor da história que o inspirou, Camilo Castelo Branco, assim como pelos prémios que conquistou em festivais de cinema, motivou-me a ir vê-lo. A sua duração de mais de quatro horas, foi um atractivo adicional.
A historia, os personagens, os actores, a produção, o filme em geral seriam dignas de várias notas postáveis, mas escreverei apenas sobre uma das impressões com que fiquei.
A história passa-se em meados do sec. XIX e retrata aspectos dessa época que aos olhos de hoje nos deixam surpreendidos. A noção de honra, do dever, da fidelidade tinham um peso social de tal ordem que eram suficientes para condicionar negativamente e de uma forma até violenta a vida das pessoas. Claro que muitos dos defensores destes valores mantinham simultaneamente vidas paralelas nada consentâneas com os mesmos. Mas sabemos que criar e alimentar uma imagem falsa é algo em que os portugueses sempre foram exímios, não tivéssemos nós criado a expressão 'para inglês ver'. Camilo mostra-nos de forma clara os podres da sociedade de então, e que em demasiados aspectos hoje se mantêm.
Como dizia, aos olhos do hoje parecem ridículos os motivos e o peso dados a pequenas questiúnculas que condicionaram a vida de muitas pessoas. Consciente disso questionei-me: Como será a vida que levamos neste início do sec.XXI avaliada daqui a 180 anos, ou até antes?
Será possível abstrairmo-nos dos conceitos que nos condicionam, sem que disso demos conta, para fazer uma avaliação do modo como seremos avaliados pelos vindouros? Se sim, estou certo que faremos mudanças na nossa vida.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera