Seguindo o repto do Jornal de Leiria, transporto esta questão aqui para o Vale do Anzel.
Saúde e educação gratuitas fora da constituição?
"O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, defendeu em entrevista ao Diário Económico que a constituição deve deixar de contemplar a Educação e a Saúde como tendencialmente gratuitas e suportadas pelo Estado. Segundo Passos Coelho, deve-se acabar com um Estado que “enfia pela goela abaixo dos portugueses o social que cada Governo quer” até porque, afirma ainda, na prática são cada vez mais os portugueses que recorrem aos hospitais e escolas privados, acabando por pagar duas vezes.
O líder do PSD garante, no entanto, que “o fim da Educação e Saúde tendencialmente gratuitas não significa que o acesso a estes serviços será deteriorado, antes pelo contrário”.
Que comentário lhe merece este assunto?"
Pedro Passos Coelho assume-se sem pudor como um liberal. No nosso país isso é realmente inovador e, no meu entender, louvável. Se procurarmos entre os parceiros europeus, os que menos sofreram com a crise e que mais rapidamente estão a sair dela, encontraremos exactamente aqueles em que o Estado tem menor peso. Se pelo contrário procurarmos os Estados-Membros menos liberais e com maior peso do Estado na economia, encontramos exactamente a Grécia e Portugal no topo desse ranking. Perante estes factos, que são inegáveis, a esquerda tuga exige que o Estado controle ainda mais o dia-a-dia dos portugueses (veja-se o levantamento do sigilo bancário) e lança ainda mais proibições e obrigações.
De facto, perante o muro de betão que avança a toda a velocidade na nossa direcção, importa mudar de rumo e dar mais espaço à criatividade dos cidadãos e das empresas. Mais liberalismo precisa-se.
Há muito que sinto que liberdade no nosso país ficou, depois do 25 de Abril, refém da esquerda. A esquerda bacoca chega a emocionar-se quando cantam as cantigas da revolução, mas quase lhes saem os olhos das órbitas quando alguém diz que o Estado controla demasiado a sociedade.
Mas será que essa mudança de rumo se deve iniciar por alterações à constituição? Sobre este ponto discordo da sequência. Ao lançar o debate desta forma Passos Coelho arrisca-se a comprar uma guerra para a qual sabe como entra (como reconhecido próximo PM do país) e não sabe como sairá dela.
Da mesma forma que o facto da saúde não ser gratuita no nosso país (a quem acreditar nisso pergunto se da última vez que foi ao dentista recorreu ao SNS) coexiste com essa referência na lei fundamental, o rumo do país pode ser alterado sem que se comece por acordar fantasmas e recalcamentos da esquerda reinante.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera