Seguindo o repto do Jornal de Leiria, transporto esta questão aqui para o Vale do Anzel.
A tentativa da espanhola Telefónica em comprar a participação da PT na Vivo, a maior operadora móvel da América do Sul, esbarrou na intransigência do Governo português que, sob o argumento de que “a Vivo é absolutamente estratégica para a PT e para Portugal”, utilizou a golden share que o Estado detém.
Esta decisão, que de certa forma foi defendida por Cavaco Silva ao afirmar que “o Governo tem todo o direito de utilizar os instrumentos
à sua disposição para defender o que considera ser o interesse estraté- gico de Portugal”, não foi bem recebida pelos accionistas que tinham manifestado em reunião de assembleia geral a vontade de aceitar a pro- posta de 7,15 mil milhões de euros. O uso da golden share por parte do Governo português também não terá sido bem recebida em Madrid e na Comissão Europeia, que considera estes mecanismos ilegais.
Como comenta este assunto?
De forma a manter em 'mãos' nacionais centros de decisão de sectores estratégicos como sejam a banca, energia, telecomunicações e outros, o Estado Português recorreu ao uso da Golden Share.
Uma das questões que se podem levantar é se a PT ainda está em 'mãos' portuguesas. Pelo que sabemos cerca de 36% do capital da PT encontra-se em 'mãos' portuguesas.
Será que as acções detidas pelo BES são consideradas como estando em 'mãos' portuguesas? É que pelo que entendi o BES quer vender.
Não andará no ar uma qualquer confusão? Quando o país assinou os tratados que constituem a base da União Europeia e que prevêem a livre circulação de capitais, não houve satisfação dos partidos que se dizem europeístas? Deixando cair o proteccionismo económico passaríamos a receber milhões de euros diariamente. A evolução económica do país da última década dependeu quase exclusivamente desta troca. Hoje, perante o reverso da medalha que escolhemos, é curioso ver o Governo convictamente europeísta do PS (o mesmo do 'Porreiro, pá!), a usar o nacionalismo económico como arma de arremesso contra o PSD. Ao classificar a acção do principal partido da oposição de 'inqualificável', enquanto se negoceiam acordos sobre as SCUT's, e outras decisões necessárias em tempos difíceis, mostra como é difícil (ou mesmo impossível) chegar a algum acordo de governação com PS de José Sócrates.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera