O assunto nacional com maior cobertura mediática de ontem foi o protesto das escolas privadas contra os cortes no financiamento decididos pelo governo. Os 110.000 eur anuais por turma serão reduzidos para 80.000 eur, o que corresponde a uma diminuição (ou deverei dizer variação negativa?) de 27%. Em consequência disso algumas escolas irão fechar, mas não todas.
Questionei-me se a redução do financiamento das escolas públicas será da mesma proporção. Não acredito. O instinto de auto-preservação de Sócrates não lhe permite beliscar a coutada do Sr. Nogueira. Não foi bem sucedido quando estava em maré alta e muito menos o seria agora.
Se todo o universo escolar funcionasse em regime idêntico aos dos estabelecimentos que agora protestam, as vantagens orçamentais seriam imensas. A despesa com a educação seria flexível e, lembrando que nove das dez melhores escolas nacionais são privadas, a qualidade do ensino seria superior. Seria o melhor dos dois mundos mas isso colocar-nos-ia numa sociedade neo-liberal. Deus nos livre de semelhante desgraça.
Na conferência de imprensa que deu hoje, a Ministra Alçada, talvez num deslize irreflectido, verbalizou uma ideia que apesar de não ser surpreendente acabou por ser interessante por confirmar um preconceito mal disfarçado.
Segundo nos informou, os valores até agora transferidos permitiam que algumas das escolas «obtivessem elevadas margens de lucro». Lá está, o lucro, o 'mau da fita', o demónio da sociedade socialista. Temos de nos unir para destruir esse monstro.
Nisso o governo é bem sucedido. Estamos quase lá.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera