Seguindo o repto do Jornal de Leiria, transporto esta questão aqui para o Vale do Anzel.
O ex-ministro das Finanças do governo do “Bloco Central”, Ernâni Lopes, defendeu, nas jornadas parlamentares do PSD, a diminuição dos vencimentos da Função Pública, incluindo os ministros, entre 15% e20%, como aconteceu na Irlanda.
“Quinze por cento sem dúvida, 20%provavelmente”, afirmou o actual presidente da Fundação Luso Espanhola,que referiu ser absurda “esta solução coxa de, na incapacidadede tocar na despesa pública, aumentar a receita”, criticando ainda a tentativade se diminuir a despesa pública com “paninhos quentes”.
Esta é, de resto, uma medida já defendida por outras personalidades, nomeadamente por Basílio Horta, ficando por perceber se o corte de vencimentos se daria nos vencimentos de todos os funcionários públicos ou apenas nos que se situam acima de determinado valor.
Que comentários lhe merecem esta questão?
Há dias em conversa com um trabalhador da fábrica de telhas CS, uma referência regional de inovação e solidez financeira, soube que há 25/30 anos, alguém com o cargo de encarregado era remunerado em valor idêntico ao de um professor primário. Nos dias de hoje um professor primário recebe cerca do dobro.
Esta diferença mostra a distância entre a remuneração dos quadros público e a economia real.
Lamentavelmente a economia real não acompanhou os pressupostos usados para calcular a evolução salarial da função pública, e estando o país a atravessar um momento em que se exigem correcções, a redução dos salários é uma das correcções que se impõe.
Mas mais que reduzir as remunerações seria desejável reduzir o número de funcionários públicos. Digo isto pois a redução de salários não passa de uma medida de curto prazo. Num qualquer momento eleitoral o decisor público não resistirá em piscar o olho a um grupo tão extenso de eleitores como o de funcionários públicos. Por isso, mais do que reduzir remunerações, importava reduzir o universo dos funcionários públicos. Menos Estado e melhor Estado.
Um abraço aos amigos Jorge Vala e Eduardo Louro que também opinaram sobre este assunto.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera