Posto aqui esta reportagem apenas para a guardar como se de um recorte de jornal se tratasse.
Sem querer meter a foice em ceara alheia e não sendo antropólogo ou psicólogo, arrisco a interpretar os comportamentos dos intervenientes.
Há o que reclama e recorrendo à ironia pretende mostrar o seu desagrado a alguém que toma por responsável pelo estado a que o país chegou.
Há o que agride, que recorre à violência por sentir aversão pela iminente afronta a alguém que lhe é tão querido que não aceita que outros não sintam o mesmo. É provável que esteja convicto que o acto que pratica é natural, pois acredita que ele próprio está do lado sério da sociedade e estando desse lado será apenas movido pelo bom senso.
E há o que limpa os vestígios, para que quando chegarem as câmaras da televisão, não existam provas de que alguém se portou mal.
Um voluntarismo desta natureza, que pretende eliminar as ideias disformes e assim acredita contribuir para colocar o mundo, à sua pequena escala, na ordem, verificou-se no tempo do Estado Novo e verifica-se actualmente em regimes totalitários. Há uma lógica comum, quem está fora dela é um inimigo da comunidade que neste caso é o país. Quem não defende Portugal, ataca Portugal. Tudo faz sentido.
Episódios como este resultam sem dúvida do antagonismo e da crispação da actual vida política portuguesa.
Os responsáveis estarão entre os que andam na política desde que este fenómeno se iniciou, e não me atrevo a avançar com nomes senão ainda me partem o megafone. Apre!
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera