À entrada no estado do Arizona deparamo-nos com o Monument Valley, palco de inúmeros Westerns que associo sempre ao actor John Wayne. A hora não permitiu melhor que umas fotos de exposição. Esta foi a eleita para este blog.
Tee-Pee Village
À entrada da Navajo Land uma aldeia dedicada apenas ao turismo, que nos proporciona imagens que não deixam de preencher o nosso imaginário.
Landscape Arch, Parque Nacional dos Arcos, Utah
Este arco tem um vão de 88 mt e é considerado o arco natural mais largo do mundo.
Depois de caçado quase até à extinção durante a conquista do Oeste, o bisonte americano é hoje uma espécie protegida. A sua imponência não deixa ninguém indiferente.
O Mount Rushmore é um lugar que pertence à identidade norte-americana.
É interessante visita-lo para observar o tamanho das imagens ali esculpidas em granito, mas também para ver como se pode criar e explorar uma atracção turística, de massas, no meio do nada. A imagem retracta a parte mais conhecida de um complexo onde não falta a loja de souvenirs, nem o Visitor Center com exibição de um filme sobre a sua 'construção', toda ela feita por voluntários.
A presença de cada uma das figuras representadas é explicada a fundo durante o filme. George Washington merece estar ali enquanto fundador da nação, Thomas Jefferson como impulsionador da conquista do Oeste, Abraham Lincoln pela pacificação do país após a Guerra da Sucessão e Theodore Roosevelt por ser amigo do escultor, Gutzon Borglum.
O monumento foi polémico na sua inauguração, pois encontra-se numa área de soberania Sioux.
Para quem como eu cresceu a ler banda desenhada e a ver filmes de westerns, a visita a uma reserva de índios era indispensável.
Com um pequeno desvio à rota prevista (300 km ali não é nada) a reserva escolhida foi a Pine Ridge Indian Reservation, que pertence à bem conhecida tribo Sioux.
Tinha pouca informação sobre o local, mas depois de lá ter estado e de reunir mais informação tenho de concluir que acabou por ser uma boa escolha.
Nesta reserva ocorreu em 1890 o massacre do Wounded Knee. Este acontecimento constitui uma das várias páginas negras da história da 'conquista' do Oeste selvagem.
Deixo os detalhes para os mais curiosos e acrescento apenas que as 20 Medals of Honor, o mais alto galardão militar dos EUA, ali conquistadas, estão ainda hoje envolvidas em controvérsia.
À entrada na reserva, deparamo-nos com uma imagem que parecia ser trazida de um filme, mas transportada para a actualidade. Uma diligência a arder… ou melhor um automóvel em chamas. Apesar de ser uma imagem invulgar, seguimos até Pine Ridge.
Quando lá chegamos deparamo-nos com algo de que vos escreverei amanhã.
Depois dos passarões dos últimos dias, deixo-vos um imagem de um pequeno pássaro, cuja espécie desconheço, que fotografei algures junto ao Rio Missouri.
Lockheed SR-71 - Blackbird
Avião de reconhecimento estratégico
Da mesma família do U2, de que falamos ontem, este é um clássico avião de reconhecimento da Guerra Fria, sem armamento. Entrou ao serviço em 1966.
Tem algumas características que o tornam superiormente especial. Por exemplo o seu tecto de serviço fica algures a 79 km de altitude (a aviação comercial voa a cerca de 10 km) o que permite que durante alguns minutos por voo entrasse em órbita. O seu tecto de serviço permitia-lhe também 'sobrevoar' qualquer país do mundo sem violar o seu espaço aéreo.
A velocidade que conseguia atingir, um pouco acima dos 3.500 km/h (!!), levava a que o atrito com a atmosfera o fizesse atingir temperaturas entre os 200 e os 300 graus Celsius. Para isso foi também necessário criar um combustível específico para o alimentar a estas temperaturas. Durante o arranque e em altitudes mais baixas usava um combustível normal.
A sua elevada velocidade permitia-lhe que evitasse um míssil terra-ar simplesmente acelerando.
Os seus elevadíssimos custos de manutenção e de uso, assim como a evolução da tecnologia satélite, levaram que fosse retirado do serviço. Dos 33 fabricados restam apenas 3 ao serviço da NASA.
Num dos seus últimos voos, uma destas máquinas esteve exposta num festival aéreo em Paris, de onde levantou voo, tendo chegado aos EUA (devido ao fuso horário) quatro horas antes da hora de descolagem.
O seu visual futurista inspirou o Blackbird do X-Man da Marvel.
Já tínhamos aqui visto uma variação deste modelo, o A-12, a bordo do Intrepid, em Nove Iorque.
O Lockheed U2 é um histórico avião da USAF, não tivesse ele mais de 50 anos de idade e ainda continuar no activo.
É um avião espião que tem como característica mais relevante a sua elevada altitude de voo, mais 70.000 pés, o que corresponde ao dobro do habitual na aviação comercial.
Alguns episódios conhecidos associam este avião a momentos que marcaram a Guerra Fria.
Um deles ocorreu em 1960 quando num voo de reconhecimento sobre a União Soviética, o U2 pilotado por Francis Gary Powers foi abatido, todo o material recolhido e o piloto capturado.
Sem que os EUA soubessem dos detalhes apressaram-se a afirmar que se tratava de um avião experimental da NASA que tinha caído a norte da Turquia, país de onde tinha levantado.
Dias depois Nikita Khrunshchev desmentiu a versão oficial americana exibindo o avião, que se encontrava em bom estado, as fotos recolhidas e o piloto que colaborando com as autoridades soviéticas, confirmou que se tratava de uma missão de espionagem.
Cerca de dez anos mais tarde, após alguns anos de prisão e de trabalhos forçados, Francis Gary Powers foi entregue ao seu país. Após uma recepção pouco calorosa, o piloto acabou por ser largamente condecorado. Depois dos arquivos classificados terem sido tornados públicos, soube-se que esta terá sido uma missão que decorreu como previsto.
Um outro episódio, bem mais conhecido, ocorreu em 1962 e ficou conhecido como a Crise dos Mísseis de Cuba.
A partir de fotos tiradas durante voos de reconhecimento realizados em Lockheed's U2, os EUA concluem que a URSS estão a construir bases de lançamento e que já têm mísseis nucleares em Cuba, com capacidade para atingirem muito rapidamente qualquer cidade americana.
John Kennedy declara que não aceita essa atitude agressiva e ameaça invadir Cuba. Na Assembleia das ONU os EUA exibem as fotos tiradas pelos U2, que são aceites como prova.
Durante alguns dias o mundo receia um conflito nuclear, e de facto esse cenário nunca esteve tão perto de acontecer. Após duras negociações de bastidores a URSS aceita retirar os mísseis e o mundo respirou de alívio. Este episódio inspirou o filme Mísseis de Outubro.
Bombardeiro pesado B-29 Superfortaleza Voadora
Um dos mais avançados bombardeiros da Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez no seu género era avião com a cabina pressurizada, com um sistema de combate a incêndios, com torres de metralhadores com controlo remoto e com capacidade de voar a 33.000 pés de altitude (cerca de 10.000 mt).
Este modelo foi utilizado para lançar as bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki que definiram a capitulação do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial.
Bombardeiro pesado B-17 Fortaleza Voadora.
Este avião voou entre os anos de 1938 e 1968 (Brasil). Teve utilizações militares e também civis, mas foi em cenários militares que ficou conhecido. Serviu principalmente na Europa mas também no Pacífico. Tinha vantagens no seu extenso raio de acção, na sua potência, no seu elevado tecto de serviço e pela sua fiabilidade mesmo após sofrer danos severos. Os B-17 largaram cerca de metade da tonelagem total das bombas largadas sobre a Alemanha nazi.
A paz na Europa que durou mais de 60 anos deveu-se também a máquinas voadoras como a que a foto ilustra.
B-25 - Mitchell
Bombardeiro de média capacidade. Entrou ao serviço da USAF em 1941 e voo até ao ano de 1979 (Indonésia).
Tornou-se muito conhecido e popular após a missão conhecida por Doolittle Raid, que se realizou em 1942, logo após o ataque surpresa a Pearl Harbour. A missão teve como objectivo mostrar aos japoneses que também eles eram vulneráveis, e assim leva-los a re-posicionar as suas forças. Serviu também para levantar a moral aos americanos.
A distância de Tóquio e a ausência de pistas de aviação aliadas num raio de acção útil, fez com que os 16 bombardeiros B25 - Mitchell tivessem de levantar do porta aviões USS Hornet, o que para um avião bombardeiro foi algo de inédito. A missão também ficou conhecida por 'trinta segundos sobre Tóquio', cidade onde fez estragos muito ligeiros, mas ainda assim, atingiu todos os objectivos a que se propôs.
Por questões de autonomia todos sabiam não ter capacidade para voltar e por isso alguns aterraram na China (inimiga do Japão), outros na URSS, sendo que alguns ainda tiveram de amarar sem combustível. Este episódio está muito bem retratado no filme Pearl Harbour.
O B-25 da foto serviu no Norte de África, mas é do mesmo modelo que os homens de Doolitle utilizaram.
Quadro exemplificativo da informação que as crianças americanas recebiam durante os anos 60, sobre o que fazer durante um ataque nuclear.
Este quadro encontra-se no Strategic Air and Space Museum, um espaço que adorei visitar. Pude ver e, até mexer, nas várias dezenas de aviões militares cheios de história, de que vos falarei nos próximos dias.
Falhei este local... imperdoável!! É uma falha que deveria ser punível com o regresso obrigatório à simpática cidade de Hannibal.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera