Como se terão deslocado o milhão e meio de manifestantes nos mais de 110 países que aderiram ao #ClimateStrike para os locais onde desfilaram? Terão utilizado automóveis, autocarros, metro ou qualquer outro meio de transporte que directa ou indirectamente gasta combustíveis fosseis? E onde adquiriram os cartazes que personalizaram? Em que parte do mundo foram fabricadas as telas onde foram manuscritas as palavras de ordem com marcadores coloridos que certamente atravessaram metade do globo até lhes terem chegado às mãos?
Quando nos anos 70 e 80 do século passado se começou a falar mais regularmente no Aquecimento Global (AG) foram apresentadas previsões segundo as quais, com o desgelo das calotes polares, todas as cidades costeiras já estariam actualmente inundadas. Felizmente isso não se confirmou. Os repetidos erros de previsão não chegam a gerar alívio por que nos esquecemos o seu sentido literal e retemos apenas o sentido catastrófico do fim do mundo. Por isso acabamos por não pedir responsabilidades a quem os apresenta. A mensagem é clara, se não travarmos as emissões de CO2 um dia vamos todos morrer. Mesmo sem ser cientista do AG atrevo-me a acrescentar que isso acontecerá em qualquer cenário.
Ainda falta provar que o AG seria interrompido se fossem desligados todos os motores de combustão. Mas se ainda assim insistirem em testar essa teoria não comprovada podem começar por banir o trânsito automóvel, o comércio internacional marítimo e a aviação. Além disso terão de banir acontecimentos como os incêndios florestais e erupções vulcânicas, uma vez que juntos conseguem em poucos dias colocar mais CO2 na atmosfera do que muitos países juntos durante um ano inteiro. Ovelhas, vacas e outros ruminantes terão de ser impedidos de libertar os gases intestinais o que por exemplo na Nova Zelândia tem mais impacto no ciclo do carbono do que toda a actividade humana. Pela nossa salvação todos estes elementos têm de ser eliminados.
Avançando com estas medidas bastará esperar duas ou três décadas. Depois disso, o que restar da civilização, poderá avaliar então se conseguimos travar o permanente e nunca estático ciclo climatérico da terra.
É sabido que há cerca de 20.000 anos a terra estava em pleno período glaciar e que só quando terminou se reuniram as condições para que a civilização humana como a conhecemos tivesse florescido. Sem o AG de então não estávamos aqui a agarrados à internet.
O ciclo climatérico da terra nunca foi estático e os profetas garantem-nos que agora está a acelerar. Até nos garantem que isso se deve à acção humana. Pela dimensão dos fenómenos climatéricos não há forma de, recorrendo ao método científico, o provar. Mas quem é que aceita regressar à Idade Média para travar um fenómeno que, mesmo que tenha sido acelerado pela acção humana, ultrapassa largamente a nossa capacidade de interacção com o ambiente?
Não dou para o peditório dos clérigos da religião do AG, que a todos querem exigir o arrependimento pelo CO2 emitido. Dizem que ainda vamos a tempo de nos arrependermos, e confessando os pecados, talvez consigamos travar a mudança.
Profetas do apocalipse existiram em todos os tempos e em todas as latitudes e sempre tentaram mudar o comportamento dos outros. Como o contexto vai mudando é necessário que a mensagem seja adaptada à época. O processo passa sempre por sacudir no ar o medo do fim do mundo, e como isso mexe com os nosso instinto de sobrevivência é difícil ficar indiferente.
Apesar de desvalorizar estes catastrofistas acho que se deve limitar a poluição. Não se deve ir além do mínimo necessário para atingir algum conforto. Mas só por radicalismo lunático se pode defender o zero absoluto de poluição, uma vez que o seu ponto óptimo não é nulo.
O mais ajuizado plano de acção deve passar por nos continuarmos a adaptar às mudanças. Darwin ensinou-nos que quem não o fizer será extinto.
Pode acontecer que dentro de várias décadas alguns territórios que agora tem um clima ameno se venham a tornar inóspitos e o contrário também. Isso será uma grande mudança com grande impacto. Mas a espécie humana saberá deslocar-se à procura das melhores condições.
Podemos analisar as manifs do #ClimateStrike observando-as com um funil. Pelo orifício mais apertado veremos pessoas preocupadas com o AG, mas virando o funil ao contrário encontramos apenas inconformidade perante a mudança.
“Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.“
Luís de Camões
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera