Mais um ano se aproxima do seu final e mais uma vez tenta fazer-se um balanço.
No nosso país, este foi mais um ano da crise que já dura há quase uma década, mas que agora se acentuou. A esmagadora maioria das pessoas antevê um 2011 ainda pior. Será mesmo?
Durante metade do ano, o Mundial de Futebol na África do Sul foi um assunto seguido com interesse. Após a eliminação da nossa Selecção frente à Espanha, esse assunto ficou resolvido e a crise assumiu definitivamente o protagonismo.
O Governo, eleito em 2009, chega ao fim de 2010 com um desgaste impensável. Parte dos que votaram PS, concluíram que foram enganados. Outra parte, ainda significativa, insistirá para sempre que o mundo inteiro se uniu para tramar o Eng. Sócrates. Dirão: coitado do senhor e sortudos de nós em o termos por PM.
O eleitorado flutuante, que há vários anos olha para o vazio à procura de uma alternativa ao PS, sente-se empurrado a votar PSD, não por convicção, mas por exclusão de partes.
Há espaço para um partido de direita descomplexado que assuma a árdua tarefa de reduzir o peso de Estado na Sociedade e na Economia, mas como ninguém ambiciona preencher esse espaço, terá de ser a União Europeia a instruir o nosso Governo, Concelho Europeu após Concelho Europeu, não importando a sua cor partidária, de modo a que nos possamos aproximar da normalidade que abandonamos há muito. Era preferível ser um partido português a fazê-lo, mas pelos vistos esse será o caminho a seguir e talvez as boas notícias possam surgir por esse meio.
O ano de 2010 foi também o ano do óbito do blog Vila Forte, no qual participava com grande gosto. Foi uma das minha perdas pessoais deste ano. Após alguns meses continuo a achar que me tiraram algo que me era importante e, agora, não duvido das razões que levaram a que isso acontecesse. Poderia ter feito algo para o evitar, mas quando tomei consciência do que se estava a passar, era tarde demais. Com a inocência de quem acredita no Pai Natal fui displicente para com os sintomas óbvios de doença que se revelou fatal. Espero que o Vale do Anzel que não me leve a mal, mas a formula individual, alivia, não me preenche da mesma maneira.
Este foi também o ano da Celebração dos 450 anos da criação da Freguesia do Juncal. As celebrações, pensadas e preparadas desde 2008, correram, perdoem-me a imodéstia, excelentemente, acima de tudo pelo envolvimento que se estabeleceu entre a população e os eventos. As tertúlias, o teatro, a sessão solene, a recriação histórica, os concursos, a recolha das fotos antigas, a descamisada, a matança do porco, as exposições, os eventos musicais e a gala de encerramento, tudo foi organizado com imenso gosto e é com orgulho que olho diariamente para a velha fonte que quarenta anos depois regressou ao centro da Vila.
Em 2010 fiz várias viagens fora do país, algo que funciona sempre como 'massagem espiritual', e acrescentei o Irão à minha lista de países visitados. Espero lá regressar em 2011 e espero que esse regresso constitua um passo importante no projecto que sustenta a viagem.
Ninguém duvida que em 2011 teremos mais más notícias vindas do Palácio de São Bento, mas o desafio passa por dar mais enfoque noutras boas notícias que certamente também surgirão.
Venha mais um.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera