Actualidade e lugares

Domingo, 10 de Julho de 2016
Sobre a final no Estádio de France

Nem todos se lembrarão mas o Estádio de France em St Denis foi construído para o Mundial de 1998 onde a França disputou a final e celebrou a titulo mundial.

Lembro-me de ouvir uma entrevista a emigrante português que trabalhou na construção desse mesmo estádio. Disse que todos os dias em ia trabalhar sonhava em ver ali a nossa equipa a jogar... e a ganhar.

Lembro-me também de não termos participado nesse mundial. Nesse tempo era habitual não nos apurarmos para as fases finais do troféus importantes. Mas a nossa equipa era na altura constituída pela chamada geração de ouro, que tinha sido duas vezes campeã mundial de juniores. Havia muita esperança no apuramento.

Lembro-me de no jogo decisivo do apuramento, contra a Alemanha, termos ficado sem o Rui Costa por cartão vermelho direto mostrado quando já estava a ser substituído. O árbito, Marc Batta, francês, achou que estava a demorar muito tempo a sair de campo. Ficamos fora do mundial e essa expulsão, completamente injusta, foi o momento que me ficou na memória. O Estádio de France ficou dessa vez inacessível para a nossa seleção.

Nos últimos jogos lembrei-me várias vezes deste emigrante, que para mim representa milhões de outros e que hoje, tantos anos depois e que talvez já cá não esteja, viu finalmente o seu sonho realizado.



publicado por Paulo Sousa às 23:50
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Sábado, 25 de Junho de 2016
Sobre o Brexit

Desde que me lembro que os analistas políticos evitam que as suas análises sejam ouvidas pouco tempo depois de terem sido proferidas. Muito poucas se concretizam e a maior parte não passam de ´wishfull thinkings´ facciosos não assumidos. Não deixam de ser legítimos opinadores mas também não deixam de ser ridículos e pretensiosos 'fazedores de opinião'.
Essa ideia ajudou-me a lidar hoje com tanto fatalismo apocalíptico perante o Brexit.
A vitória do 'Leave' traduz o divórcio generalizado entre os cidadãos europeus com as instituições europeias. Muito poucos saberão explicar para que serve a comissão, o eurogrupo, o parlamento ou o conselho europeu. Nem querem saber.
Mas à excepção dos radicais que existem nas margens da sociedade e que desejam a ruptura e a implosão do sistema (alguns deles sustentam a geringonça), a maioria dos cidadãos europeus identifica-se profundamente com os valores europeus, a democracia, a liberdade de expressão, os direitos das mulheres, a livre circulação de pessoas, bens e serviços.
Foram os mais novos que no Reino Unido votaram maioritariamente pela manutenção na UE e isso é também um sinal de esperança. Acredito que em termos etários uma divisão idêntica de opiniões se repita na esmagadora maioria dos estados-membros.
Já não vou para novo mas felizmente já não me lembro da Europa do equilíbrio de forças, onde se vê quem é o mais poderoso depois de contar quem tem mais tanques, aviões ou fragatas. Não é nessa Europa que eu quero viver.
Hoje festejam os grunhos do UKIP, da Frente Nacional, outros partidos xenófobos pela Europa e continua a aguardar-se uma posição oficial do PCP e do BE. Também o sr Putin e Trump estão a sorrir. Só isso é motivo para estarmos preocupados e alerta, mas o mais fantástico projecto civilizacional da humanidade não pode ruir depois de um referendo com uma vitória tão marginal.


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publicado por Paulo Sousa às 08:41
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Quinta-feira, 16 de Julho de 2015
Sobre a mentira de que a Europa se está a desmoronar e sobre futura saída da Grécia do euro

A Europa não se está a desmoronar pois nenhum europeu de Lisboa a Helsínquia nem de Atenas a Dublin aceita o regresso ao equilíbrio de forças. Todos nos revemos nos valores europeus da democracia e da liberdade, mas poucos se revêem nas instituições europeias. São necessárias reformas sim, mas os credores da Grécia são os contribuintes europeus e os accionistas e depositantes dos bancos que compraram dívida grega. Se os bancos tivessem caído ficaríamos melhor? Quantos BES teriam de cair para que o Syriza fosse o herói da festa? Quantos milhões teria de Portugal perder para que o senhor Varoufakis merecesse uma estátua? Alguns países europeus perderam mais dinheiro no anterior perdão de dívida à Grécia do que gastam com as reformas dos seus idosos ou com os apoios sociais aos seus cidadãos. Onde é que termina a exigência de solidariedade da esquerda grega?

Ver o mundo a preto e branco em que de um lado estão os bons e dignos e do outro lado os pérfidos e fundamentalistas é intelectualmente cómodo mas demasiado simples para o que se está a passar.

A Europa sempre avançou no passado de crise em crise.

Da esquerda à direita são os radicais que desejam o regresso à Europa do equilíbrio de forças, onde se conta quem tem mais tanques, aviões ou fragatas. Os radicais unem-se quando as crises aparecem. De que outra forma se entende a coligação Syriza partido da esquerda radical com os nacionalistas de direita do governo grego? Ou a alegria da Mme LePen na vitória do Não no referendo grego. São eles que produzem os soundbytes repetidos pela imprensa e que alertam os cidadãos europeus.

É verdade que um dos pilares da construção europeia é a igualdade entre os seus membros independentemente da sua dimensão. Não acompanho o dia-a-dia nem sou entendido nos detalhes da política europeia mas apesar do direito de veto se manter, essa igualdade não se verificará dentro da União e ainda menos dentro do Eurogrupo. A distribuição nacional dos deputados europeus ajuda a que assim seja, mas existem também os directórios. O eixo franco-alemão sempre liderou o projecto e sem assim não fosse não teríamos vivído 70 anos em paz.

Discordo em absoluto com qualquer paralelismo entre a actual hegemonia alemã (que até parece que saiu derrotada na aceitação do plano grego) com o nazismo. Fazê-lo é mostrar que se desconhece a história.

 

Não ter sido prevista a possibilidade de saída do euro, aquando da sua criação, terá sido um erro, mas todos os países que embarcaram neste ambicioso projecto sabiam que estavam a perder soberania, pois deixavam de poder delinear a sua política monetária e cambial. Nem todos o quiseram fazer. O Reino Unido e a Dinamarca ficaram de fora e não são menos europeus por isso.

Ter o euro como moeda própria tem os seus custos e exigências.

Na semana que antecedeu o referendo estive dois dias em Atenas e um taxista disse-me que ter o euro como moeda era como ter uma amante fantástica mas financeiramente muito exigente. Ele achava de a relação devia terminar e preferia a Grécia fora do euro do que manter uma relação insustentável.

Também acho que o governo grego mesmo tendo aprovado o acordo negociado em Bruxelas, não conseguirá nem desejará cumpri-lo. Dentro de meses, muito poucos ou mais alguns, lá terá de se voltar ao assunto.

Se a Grécia saísse do euro já, de uma forma assistida, passaria alguns anos difíceis, como aliás passará em qualquer cenário, e depois da desvalorizar a sua moeda até à proporção da sua economia voltaria a ser competitiva e a crescer para voltar à normalidade. O adiar deste passo mostra a falta de estratégia dos líderes europeus que estão apenas a navegar à vista.

Para já não vou falar da relação dos cidadãos com o estado, que é diferente em cada país da UE e do mundo, e que está por detrás da incapacidade da Grécia em fazer reformas e cobrar impostos.

Nós também padecemos do mesmo problema embora a uma escala diferente. Mas isso fica para outro dia.


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publicado por Paulo Sousa às 14:00
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Quinta-feira, 17 de Maio de 2012
Recortes da imprensa

União Europeia, essa criança mimada (ou a via do federalismo)

A União Europeia assenta num imenso paradoxo institucional, político e filosófico. Até 1992, o edifício europeu cresceu assente no modelo confederativo, criando lógicas de cooperação a partir do quadro tradicional das soberanias nacionais. Em Maastricht, operou-se porém um salto mortale, erguendo-se uma união de povo e prefigurando-se uma união monetária e económica. Tratou-se de um acto espantoso, uma vez que tal alteração não só negou a introdução de similares modificações no quadro político, como apregoou manter-se fiel ao princípio dos "Estados-nação", plenamente soberanos. A este contorcionismo conceptual chamavam os medievais de "paradoxo imperium in imperio", a circunstância em que uma autoridade exerceria o seu poder no seio de um sistema onde outros órgãos de poder usufruíam de igual soberania, reclamando ambos jurisdição equivalente. Face a tal paradoxo, alguém tem de ceder.

Desde 1992, a Europa vive na ficção de que é possível subsistir uma "união de povos", com uma moeda e uma economia comuns, alicerçada ao mesmo tempo numa "união de nações que se consideram plenamente soberanas", sem que exista um interesse comum definido nem um sustentáculo constitucional vinculativo. Instada a optar pela tradicional "Liga de Estados" ou pelo aprofundamento federalista, a União Europeia - qual criança mimada - quis escolher os dois. Não percebeu que ficaria condenada, ora a perder ambos, ora a forçar um impossível equilíbrio através de manobras de bastidores, sem debate público e sem legitimidade democrática.

Em queda livre, o projecto europeu vê-se agora forçado a tomar uma radical decisão: ou regressa a um formato institucional confederativo, assente nas soberanias nacionais (abdicando de delírios como uma união monetária sem união política), ou envereda por um verdadeiro federalismo. Digo "verdadeiro" para o separar dos habituais adjectivos pejorativos que lhe atribuem, sem perceberem que federalismo não corresponde a um "centralismo unitário e jacobino", nem à destruição dos Estados-membros, mas sim à instituição de vários eixos de poder complementares - convivendo sob uma mesma entidade política autoridades distintas, democraticamente legitimadas.

A preferir esta última opção - um verdadeiro federalismo - a Europa não se pode dar ao luxo de rejeitar um profundo debate teórico sobre os seus fundamentos. Neste contexto, é particularmente importante reaprender com o passado, enquanto se prepara um futuro alicerçado em soluções próprias. O caso norte-americano deve ser aqui peça modelar essencial, pelas suas inúmeras lições. Umas, históricas (uma vez que o federalismo americano também se ergueu sobre a cacofonia de treze Estados independentes e com poucas ligações entre si, após uma espinhosa crise institucional que se seguiu à Revolução). Outras, conceptuais: a importância de criar equilíbrios institucionais numa república federal (para não tornar opressiva nenhuma das estruturas políticas envolvidas); a necessidade de alicerçar a união política numa sanção popular; e o elogio do pluralismo, uma vez que a diversidade não é um obstáculo, é uma bênção.

 

José Gomes André, Expresso



publicado por Paulo Sousa às 20:00
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Segunda-feira, 14 de Maio de 2012
Recortes da blogosfera

Caprichosa realidade

 

São indisfarçáveis os arrepios de excitação dos cúmplices ou protagonistas da desgovernação das últimas décadas com manchetes tipo “o regresso dos indignados”. No caso é à Puerta del Sol em Madrid, mas poderiam referir-se às dezenas de campistas no Parque Eduardo VII ou a um qualquer grupelho de alienados na Praça Luís de Camões. O “cheiro a sangue” provoca uma reacção pavloviana no jornalismo tuga. Talvez seja afinal o caos a ignição da tão proclamada “Agenda do Crescimento”... nos primeiros tempos até ajuda a vender jornais.

A montante de tudo isto está o enorme equívoco que constitui para a Democracia, a proverbial insubordinação do regime à “realidade”. Como referia o historiador Rui Ramos Sábado na sua coluna do expresso (nutro infinitamente mais apreço por um analista político que consagre a sua vida à investigação da História) “a democracia não é só vontade e representação, esta não pode ser a negação da realidade”, uma perspectiva que fatalmente constitui a sua própria condenação. Acontece que "os cidadãos ocidentais foram educados na crença de que a realidade é uma construção ideológica, e que portanto, pelo singelo expediente de "fazerem ouvir a sua voz" está aos seu alcance tornar as coisas e as pessoas no que mais lhes convém." De facto, "os políticos" teimam vender promessas impossíveis para vencer eleições e foi essa lunática estratégia mais o crédito barato que nos trouxe à falência. Uma estratégia que descredibilizou o regime e hoje coloca em risco a nossa liberdade, à mercê de qualquer grupelho marginal mais aguerrido ou violento.

De facto acabou o dinheiro fácil, o emprego por decreto e o capitalismo popular que manteve as hostes expectantes ou acomodadas. Acabaram-se as certezas e é muito provável que esta ficção chamada Europa se desmorone mais cedo do que possamos imaginar. O colapso da moeda única encarregar-se-á disso.

Em vez de se atirar gasolina para o fogo, por estes dias deveríamos apelar aos valores mais perenes, assumindo-se reforçada a responsabilidade de defender o que se possa ainda salvar: a liberdade. Hoje o único apelo realista é ao estoicismo e sentido patriótico do cidadão. Citando uma vez mais Rui Ramos: “o rei Canuto mostrou um dia que não mandava nas ondas do mar*. Os manifestantes e eleitores europeus precisam de perceber que eles também não”. Uma inevitabilidade que abrange os socialistas portugueses.

* William J. Bennett O Livro das Virtudes

 

João Távora, Corta Fitas 



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Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2012
Recorte da blogosfera

"Ao contrário de muitos, penso ser cedo para dizermos que o actual rumo político é o errado. O País chegou a esta situação após anos em que acumulou défices orçamentais e externos insustentáveis, devido a políticas expansionistas imprudentes e aumentos salariais acima do crescimento da produtividade. De facto não somos a Grécia, que nunca aplicou as reformas estruturais mais difíceis e cuja liderança política irresponsável continua a tentar "dar a volta" aos europeus que pagam as contas (veja-se o último episódio dos 300 milhões das pensões e os insultos presidenciais a meio de uma negociação sensível). Outro exemplo: o défice da balança de pagamentos continua acima de 10% do PIB, o que é extraordinário, quando o mesmo indicador português caminha depressa para o equilíbrio. A questão do salário mínimo grego é absurda e não admira que os alemães tenham perdido a confiança nos dirigentes de Atenas.

Naquilo que nos diz respeito, e para além de um improvável milagre de Fátima, Portugal só tem duas hipóteses: ou cumpre até ao fim o memorando da troika ou entra em bancarrota. Esta última é muito pior do que o Pacto Orçamental adoptado na UE. As despesas serão iguais às receitas e acabam as expansões dos gastos sociais ou os investimentos em grandes projectos. Fora do euro voltaremos a ser um país pobre e sem peso político. As poupanças serão destruídas e quem tiver dívidas será sufocado pelo aumento das taxas de juro.

 

A blogosfera devia servir para discutir seriamente estes assuntos. Como se pagam os brilhantes planos de criação de empregos ou de crescimento económico? Mas também devia servir para explicar que o actual rumo não pode ser mantido por muito tempo e que os países que financiam o nosso resgate têm vantagens em facilitar a vida ao devedor.

Um país que não consegue empregar os seus jovens e que despede os trabalhadores mais velhos também não terá perspectivas de crescimento, mesmo com contas públicas equilibradas. Por um lado, não há nova geração de trabalhadores a descontarem para a segurança social, por outro os trabalhadores mais antigos não conseguem chegar à idade da reforma a trabalhar, pelo que terão pensões de miséria. É uma sociedade em vias de ser desmantelada.

 

O número real de desempregados (somados com os inactivos que querem trabalhar, ou seja, desempregados de longa duração) anda nos 950 mil e isso é uma catástrofe. Visto de outra maneira: no início desta crise, em 2008, havia 5,197 milhões de empregados; agora, há 4,735 milhões. Portugal perdeu 462 mil postos de trabalho em quatro anos. Do quatro trimestre de 2010 para o quatro trimestre de 2011, as perdas foram de 213 mil empregos, quase 600 por dia (583). Ou seja, esta crise não está sobretudo nas medidas de austeridade ou no plano da troika (é cedo para os efeitos), mas em questões mais profundas de falta de competitividade, leis laborais e endividamento das empresas.

No entanto, as discussões destes temas são geralmente de tipo Benfica-Sporting, em que toda a análise é clubística e partidária. Os socialistas sacodem a água do capote, como se não tivessem qualquer responsabilidade no descalabro do país, a esquerda exterior ao acordo da troika parece incapaz de aceitar medidas onde o país não tem alternativa, mas isto é válido também para a direita que detesta o actual PSD e que fica exterior à troika apenas porque odeia o actual poder. As tias de Cascais não gramam Cavaco e também detestam Passos Coelho.

 

Mas esqueçamos as tias e os seus ódios de estimação à classe média, a mesma que está a pagar esta crise. A alternativa aos actuais sacrifícios é a bancarrota, da qual a Grécia provavelmente já não escapa. Mas muitos intelectuais continuam a pensar que o falhanço do remédio é o problema, que a Alemanha é a culpada, que Hitler de alguma forma está envolvido, que a UE tem mecanismos que podem actuar nesta emergência. A Grécia não chegou a cumprir a sua parte, mas o problema não foi o resgate, foi a situação que exigiu o resgate e as mentiras permanentes, as estatísticas falsas e as promessas inúteis, que os mercados nunca engoliram.

A ideia de que o resgate é o problema não pode triunfar, pois a alternativa é muito pior.

Também devemos combater a ideia de que esta crise europeia se resolve com decisões comunitárias. O chamado "método comunitário" que usa as instituições comuns, nunca funcionou em questões de dinheiro. Aí, só existe o método intergovernamental, ou seja, a negociação ao nível dos poderes nacionais, portanto, potências e directório. No que respeita a verbas, como é o caso das ajudas externas, decide quem assina os cheques e quem tem de responder perante os seus contribuintes, portanto podem fazer os manifestos que quiserem."

 

Luis Naves, Forte Apache



publicado por Paulo Sousa às 23:00
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Sexta-feira, 9 de Dezembro de 2011
Tempos interessantes


"Que vivas tempos interessantes" é uma conhecida maldição chinesa, de que me lembrei quando vi esta inervenção de Nigel Farage. São de facto tempos interessantes este que nos foram dados a viver.


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publicado por Paulo Sousa às 21:00
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Quinta-feira, 25 de Agosto de 2011
Recortes da imprensa

«Uma das coisas mais interessantes desta crise é a de verificarmos semelhanças entre os países do Sul da Europa, nomeadamente entre nós, Espanha, Itália e Grécia. A história do mundo ocidental que hoje conhecemos assenta em boa parte no que foi gerado nestes quatro países em termos de cultura, história, equilíbrio entre o homem e a natureza, e o grande prazer de viver com o Sol, os sabores gastronómicos riquíssimos, as praias, a paisagem. Se nos tivermos de virar para algum lado, parece claro que a nossa herança genética está aqui.

E este pode ser o nosso plano B. Talvez tenhamos de construir um destes dias a tal Europa do Sul com italianos, gregos e espanhóis a fazerem-nos companhia. Será mais pobre mas pode incluir uma moeda para os quatro, ter França como uma zona de passagem neutra, talvez incluir os países dos Balcãs como novos mercados. E nós, os do Mediterrâneo europeu, não metemos medo aos turcos, aos marroquinos, aos egípcios, etc.. Não somos a Europa xenófoba.

Estamos numa luta contra o tempo e no nosso sangue não corre a geometria decimal com que a troika nos obriga a vender tudo como se não houvesse no fundo da nossa memória esta questão: quase mil anos como nação independente. Sim, é essencial tornar o país menos dependente do financiamento externo e pôr as contas em ordem. Mas que países do Norte da Europa nos vão perdoar, mesmo depois de termos feito tudo, e não for suficiente? Não tenhamos ilusões: quem trata mal os gregos, vai-nos tratar mal a nós.»

Daniel Deusdado, no Jornal de Notícias



publicado por Paulo Sousa às 21:00
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Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2010
Sobre dívida, Pequim, soberania e direitos fundamentais dos portugueses e restantes europeus

O Ministro das Finanças esteve em Pequim a negociar o apoio que a China pode vir a dar na colocação da dívida soberana da República Portuguesa, o que se pode simplificar dizendo apenas que Teixeira dos Santos foi a Pequim pedir dinheiro emprestado para pagar prestações em atraso. O discurso oficial é que após a visita ocorreu "um grande salto em frente nas relações luso-chinesas em todos os níveis". Quem conhecer minimamente a história chinesa do sec. XX, concordará que por si só não estamos perante uma expressão feliz.

Se o que está em causa fosse apenas uma questão operacional de emissão de dívida, Teixeira dos Santos não necessitaria de se deslocar a Pequim, pois isso resolve-se nas salas de mercados. Importa por isso saber que outros compromissos foram assumidos pelo Estado Português. Imagino que a posição portuguesa no Conselho de Segurança da ONU tenha sido um assunto abordado e também, quem sabe, o caso do Tibete.

Quando se fala em perda de soberania por via da dívida, fala-se na perda de capacidade de opinar e de decidir enquanto estado democrático e respeitador dos direitos individuais no palco internacional e de assim deixar de poder fazer contra-ponto contra, quiçá, ditaduras e regimes autoritários. Emite-se dívida soberana e com ela segue também a soberania, milhão atrás de milhão.

Apesar de existirem países europeus que sabem gerir a sua economia e que tem a casa arrumada, o que se passa no nosso país acaba por ser acompanhado pelo todo europeu relativamente aos restantes blocos económicos.

Há dias Vasco Campilho relacionou a falta de solidariedade das instituições europeias para com os países em dificuldades com a possibilidade de estes serem acudidos por terceiros e dessa forma se afastarem da órbita europeia.

Não duvido que todo o processo a que estamos a assistir de perda da influência do bloco europeu (que se deve à falta de crescimento económico, à insignificância militar e ao envelhecimento da população) levará a que a prazo tenhamos que ser menos exigentes em termos dos direitos fundamentais que nos são caros. Noutra perspectiva equivale a dizer que o crescimento económico das novas potências globais e regionais, levará a que estas ganhem terreno à Europa, não só mas também pela compra da sua/nossa dívida e, mesmo sem termos consciência disso, teremos a prazo de aceitar regras mais próximas das que regulam essas economias e essas sociedades.

Terá a Europa capacidade política para contrariar esta tendência? Com os actuais líderes, não.



publicado por Paulo Sousa às 08:00
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O Futuro e os seus inimigos

 

de Daniel Innerarity

 

Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental

 


Teorema

 


 

 




 

Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos

 

 

de José Manuel Lopes

 

 

 

O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.


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