Ao ler umas linhas de Gonçalo M Tavares, no prefácio de um livro sobre o PREC, tropecei numa referência a um filósofo alemão, Sloterdijk de seu nome. Pelo Wikipédia soube que é uma figura da actualidade.
Gonçalo M Tavares traz à discussão um tema de Sloterdijk que é a 'pedagogia pela catástrofe'. O autor alemão aborda o que chama de cultura pânica que mede e pesa a quantidade de catástrofe mínima necessária para a mudança do homem. É preciso que ocorra o pior para que se possa 'iniciar uma mudança de hábitos', tudo isto expresso na extraordinária fórmula: quem não quer ouvir tem de sentir.
O autor português aborda também Nietzsche, que associa o sofrimento do povo da antiga Grécia à sua sabedoria e chega a referir que o sofrimento será assim uma iniciação a um conhecimento maior. Não pretendo aqui fazer nenhuma apologia do sofrimento mas ao ler isto várias ideias me cruzaram o espírito.
Olhando para a história da Europa ao longo dos séculos em geral e para as duas Guerras Mundiais em particular, terá sido o nível de destruição então verificado que permitiram os entendimentos entre nações que abriram as portas ao projecto europeu.
A uma escala bem menor nos danos e sofrimento causado, podemos adiantar que o resgate financeiro solicitado pelo anterior PM português, com todas as consequências no nível de vida dos portugueses, é uma oportunidade para podermos aprender com os excessos cometidos no tempo das farturas e do optimismo para que no momento seguinte não voltemos a repeti-los.
«O País está a fazer o seu trabalho e bem. O défice abaixo de 7,3% em 2010 é provavelmente o primeiro resultado que o País apresenta como estímulo à confiança dos mercados internacionais.»
«O Governo português não vai pedir nenhuma ajuda financeira, pela simples razão que não é necessário. Portugal tem condições de se financiar no mercado.»
José Sócrates, 11 de Janeiro de 2011
Se [o pedido] tivesse sido feito mais cedo, [o plano] poderia ter sido mais suave”, disse Kröger em resposta a uma pergunta durante a conferência de imprensa que atroika Comissão Europeia-BCE-FMI deu hoje em Lisboa sobre o Memorando de Entendimento que negociou com o Governo em contrapartida pela ajuda ao país.
Por seu lado, o representante do FMI, o dinamarquês Poul Thomsen, acrescentou que “o atraso torna sempre as coisas mais dolorosas. Teria sido melhor não ter sido atrasado o pedido”.
... fez campanha, mas esqueceu-se de dizer que a ajuda internacional, que Portugal não necessitava, será de 78 mil milhões de euros.
Mais das meias verdades que, como sabemos, em breve serão desmentidas.
Francisco Assis considerou “muito perigosa” a proposta avançada pelo grupo “Mais Sociedade” para que o recurso ao subsídio de desemprego implique uma redução de direitos na pensão de reforma.
Depois de seis anos de regabofe irresponsável, ainda conseguem fingir que não será o FMI a decidir o que irá restar do Estado Social, seja lá o que isso for.
Desde que se começou a falar na vinda do FMI para ajudar Portugal a controlar o défice orçamental, que todos aqueles que se incomodam com a inúmeras e infindáveis mentiras de Sócrates, nos quais eu me incluo, que começaram a achar que o regresso do FMI ao nosso país seria o atestado inequívoco da incompetência de quem nos tem governado. Perante esse facto até os cidadãos honestos que repetidamente foram enganados nas campanhas para as legislativas, concluiriam que, de facto, tínhamos de mudar de rumo.
Recordar a hostilidade com que todos os opositores do Governo foram tratados desde há cinco anos, ajuda a entender este desejo de ver Sócrates ser afastado com o enxovalho possível.
Há uns meses Sócrates acreditou que com um pouco de arrogância, a desnorteada oposição ficaria atarantada e encolher-se-ia, mas como o assunto em causa são números, são contas públicas e não sondagens, e ter-se-á esquecido que os analistas financeiros não são eleitores, nem precisam de ser amigos do PS para assegurar o emprego e por isso cingiram-se a fazer o seu trabalho de avaliar a credibilidade das economias. O resultado já é de todos conhecido.
Perante o inegável e insustentável desconforto do Governo, todos os que querem ver José Sócrates dali pra fora, e que são cada vez mais, acabam por desejar que o mais rapidamente possível chegue o FMI, que o amarre, silencie e nos devolva a sanidade.
É normal que um cidadão que gosta de acreditar que vive numa sociedade democrática, deseje isto aos representantes do seu país?
Como é que chegamos a este ponto?
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera