Estádio da Luz, 15 de Novembro de 1995
Tinham passado oito anos desde a última participação da Selecção Nacional numa fase final dos grande torneios de selecções. Não estávamos habituados a ver a Selecção A ganhar. Hoje pode ser difícil de explicar, mas o Selecção não era a equipa de todos nós. O hino e da bandeira ainda sofriam do estigma pós-25 de Abril. Ligava-se pouco, havia pouco apoio e os resultados eram medíocres. Tudo era equilibrado.
O preço do bilhete mostra o esforço da Federação em atrair o público. Importa lembrar que qualquer jogo do SLB para o Terceiro Anel custava nessa época no uns 2.000$00.
No entanto, desta vez a atmosfera era diferente. A equipa era composta pelos campeões de Riad e de Lisboa, a geração de ouro do futebol português. Lembro-me claramente do Figo (com o cabelo à Figo), do Rui Costa e de João Pinto.
A caminhada de apuramento até àquele jogo, davam-nos motivo para sonhar. No ar respirava-se a possibilidade de nos apurarmos sem depender dos resultados de outras equipas, o que era inédito.
A República da Irlanda e o seu futebol britânico metiam-nos respeito. Os adeptos irlandeses, ao contrário dos hooligans que acompanhavam as equipas inglesas, eram calorosos e alinhavam no despique alternado de apoio às equipas.
A chuva cerrada marcou o encontro. O velhinho Estádio da Luz não lhe dava confiança e deixava-a cair sobre nós, que desde cedo desistimos de usar os assentos de pedra.
Lembro-me do resultado de três golos sem resposta. O primeiro deles, um fantástico chapéu, do maestro Rui Costa na baliza sul, a sua preferida. O jogo terminou numa euforia digna do que foram os anos 90 em Portugal.
Depois do jogo, a RTP mostrou imagens dos adeptos irlandeses a dar os parabéns e a trocar cachecóis com os adeptos portugueses.
Há dias, quando o PM em directo se tentava convencer a si próprio que o caso Irlandês é diferente do nosso, lembrei-me desta noite de Novembro de 1995 e, sem dar por isso, e concordei com ele. Pois é, há diferenças. Naquela noite deram-nos uma lição de fair-play.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera