Depois da derrota do Benfica da Liga Europa, os seus adeptos e dirigentes mostraram a sua pior face e lembraram-me porque é que me merecem pouca atenção.
Todos ficamos encharcados de tanto ouvir dizer que foi uma jornada histórica para o futebol português, mas ainda assim todos reagiram como se o que estivesse em causa fosse apenas mais um troféu nacional.
Gostava de ter ouvido o treinador do Benfica lembrar aos adeptos que a equipa estava de parabéns por ter chegado até aquela fase do torneio e podia acrescentar que se nos próximos cinco anos o SLB repetisse a façanha de chegar às meias-finais, certamente que disputaria três finais e pelo menos conquistaria uma.
Jorge Jesus preferiu encolher-se e chorar lágrimas de crocodilo, seguido também por Luis Filipe Vieira que repetiu as lamurias.
Como já aconteceu no passado, algumas dezenas de inergumenos deram-se ao trabalho de ir esperar a equipa ao aeroporto para os assobiar. Estou certo que não lá punham os pés aquela hora se a sua entidade patronal o solicitasse.
É mais uma imagem do país que temos.
Lamentavelmente a mudança deste tipo de atitudes não consta no memorando da Troika.
Sempre lá estiveram. Mais ao fundo e do lado oposto da segunda circular.
Confesso que não foram poucas as vezes que detestei os 'lagartos'. Assisti a vitórias e a derrotas vermelhas na Luz e em Alvalade. Não me esquecerei do 3-6, nem da derrota na estreia do novo estádio. Já quase não sou do tempo de um fatídico 7-1, mas lembrar-me-ei sempre do golo do Luisão que decidiu o campeonato no ano em fomos treinados por Trapatoni.
Vendo bem, detestei-os por me merecerem respeito. Temi antecipadamente o resultado dos jogos e celebrei deliciadamente as vitórias que lhes conseguimos infligir.
Confesso que gostei (não disse celebrei!) que fossem campeões após dezoito anos de interregno (se alguma vez for confrontado com esta frase vou dizer o meu user foi pirateado).
A picardia com os adeptos sportinguistas faz parte da essência do adepto das águias. Precisamos deles (não é fácil escrever isto).
Hoje ganhamos, mas não consegui celebrar efusivamente.
A derrapagem do Clube já começou há algum tempo e parece que está para continuar.
Mais que o resultado de hoje é triste ver o desnorte de uma instituição cheia de história e com um lugar inquestionável no futebol nacional.
O Sporting dos meus amigos não merecia esta crise.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera