Muito já foi dito e escrito sobre o massacre de um psicopata na Noruega, mas registo dois momentos da terrível novela que se encontra em fim de ciclo.
O primeiro prende-se com a primeira explicação avançada pela imprensa. A imaginação de alguns jornalistas noticiou que o atentado se devia ao envolvimento norueguês na Guerra do Afeganistão. A lógica é simples e linear, quem se mete com o islão leva. Nas entrelinhas deste raciocínio, apenas para quem o quiser ler, pode encontrar-se uma legitimação para o sempre ilegítimo terrorismo. É uma imagem dos media que supostamente nos servem. No seu melhor.
O segundo registo, mas com destaque, foi a elevação com que as autoridades norueguesas lidaram com a tragédia. Uma semana após o atentado Jens Stoltenberg, o primeiro-ministro quis assinalar a data escolhendo para o ponto alto da cerimónia a maior mesquita de Oslo. Ali discursou sobre democracia, multiculturalidade e tolerância. Dessa forma mostrou-nos aquilo que já sabemos, e que é: esses três conceitos são a resposta civilizada para o que já todos assumimos com um facto e que é o chamado choque de civilizações.
A escolha entre a barbárie e a civilização cabe-nos a nós.
Leitura diária
Debaixo de olho
O Futuro e os seus inimigos
de Daniel Innerarity
Um livro que aposta numa política do optimismo e da esperança numa ocasião em que diminui a confiança no futuro. Boa parte dos nossos mal-estares e da nossa pouca racionalidade colectiva provém de que as sociedades democráticas não mantêm boas relações com o futuro. Em primeiro lugar, porque todo o sistema político, e a cultura em geral, estão virados apenas para o presente imediato e porque o nosso relacionamento com o futuro colectivo não é de esperança e projecto mas de precaução e improvisação. Este livro procura contribuir para uma nova teoria do tempo social na perspectiva das relações que a sociedade mantém com o seu futuro: de como este é antevisto, decidido e configurado. Para que a acção não seja reacção insignificante e o projecto se não converta em idealismo utópico, é necessária uma política que faça do futuro a sua tarefa fundamental
Teorema
Cachimbos: Marcas, Fabricantes e Artesãos
de José Manuel Lopes
O mais completo livro sobre cachimbos, da autoria do jornalista José Manuel Lopes, presidente do Cachimbo Clube de Portugal. Profusamente ilustrada, esta obra a que poderíamos chamar enciclopédica, dá-nos ainda em anexo uma completíssima lista de clubes e associações do mundo inteiro e dos seus sites.
Quimera